Estádio de espírito imortal - Por Mauro Beting

quinta-feira, maio 31, 2007

Muitos times têm o mando de campo. Poucas torcidas mandam no campo. A do Grêmio manda. Por vezes desmandou, perdendo a cabeça e o respeito, queimando banheiros e bandeiras.Mas, no Brasil, não tem tido igual. Com o mais que devido respeito e reverência a torcidas maiores ou menores em quantidade e tão fanáticas em intensidade (Atlético Paranaense e Inter são bons exemplos), a do Grêmio tem feito o time jogar mais do que pode, mais do que os rivais.Não, não apenas aquele torcedor que até a pé vai para o que der e vier é responsável pelo Imortal Tricolor. Claro que o elenco, Mano Menezes, a história e a camisa pesam, e foram determinantes na bela atuação e vitória sobre um pálido Santos. Um time que caiu feio (e poderia ser ainda pior) porque pareceu sentir a pressão monumental do Olímpico redundante. Daquela mancha - avalanche - azul, preta e branca que parece um só corpo que joga melhor que os 11 do campo. Onze que pareciam tantos, muito mais que os do Santos amuado, nervoso e abatido.
Não foi apenas um banho tático . Foi uma vitória de um espírito que pareceu tirar as forças, o equilíbrio, os passes e passos certos do Santos. O Grêmio nem precisou ser avassalador. Bastou o gremista respirar para o Santos dar o ar, o campo, a bola e mais um pouco para o time gaúcho.Até poderia ir para a Vila Belmiro com uma vantagem ainda superior se acreditasse mais nas próprias forças. Se ultrapasse os próprios limites. Mas, talvez, aí, já não fosse o Grêmio. Eles sabem das limitações. De tanto as reconhecer, jogam um pouco além delas. Diferente de alguns que se acham mais do que são.O santista na Vila Belmiro precisa dar o apoio incondicional que o torcedor brasileiro precisa ter não apenas numa semifinal de Libertadores. Não é fácil lotar estádio e gritar em 19 jogos de um Brasileirão. Mas, no mínimo, o apoio incondicional é atitude mais inteligente que chamar de burro o treinador que mexeu no time e de bagre o lateral que errou um cruzamento.Os times do Brasil não precisam se inspirar na equipe do Grêmio. Mas as torcidas podem transpirar como o gremista faz do Olímpico um lindo estádio de espírito.

Mauro Beting

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